Defensora do parto humanizado, a atriz Carolinie Figueiredo usou seu perfil no Instagram para falar sobre o assunto. A motivação, desta vez, foi a história de uma potiguar acusada pelo obstetra de ter comido a própria placenta após o parto e de ter corrido nua pelos corredores do hospital.
“Eu, como muitas mulheres, não consegui dormir ao abrir o blog ‘Cientista que virou mãe’. Doeu em mim, no meu corpo, na minha alma a história da ‘mãe de Natal’. Há dois anos também tive um parto violento. Negaram-me comida e água, me impediram de levantar da cadeira para buscar posições mais confortáveis e, por fim, administraram uma manobra invasiva e desnecessária. Uma violência, fruto de falta de informação e humanização da equipe. Tive depressão pós-parto, dificuldade na fusão com o bebê, ele chorava por mim e eu só queria chorar. Por sorte (e apoio) consegui amamentar, mas minhas emoções e minha potencialidade de cuidar estavam devastadas.”, escreve a atriz no início do desabafo.
Na segunda gestação, num primeiro momento, Carolinie confessa não só ter pensado em passar por uma cirurgia cesariana, como também aproveitaria o momento para fazer uma lipoaspiração. A ideia foi deixada de lado assim que obteve mais informações sobre parto humanizado.
“Hoje nos damos conta de como a mulher é agredida, humilhada e menosprezada naquele momento que poderia ser o auge da sua vida: parir. E como essa violência é silenciada! O ‘médico’ ainda ridicularizou e expôs a vida dessa mulher nas redes sociais. Mas ela foi uma guerreira, informada e consciente, não abaixou a cabeça. Eles não estão acostumados com as mulheres empoderadas, mas elas estão crescendo e dominarão esse mundo machista, agressivo e opressor! Retomarão o direito de parir e o direto básico à informação e à atualização (e humanização) dos profissionais de saúde... [...] Olhei para o meu quintal onde tive as últimas contrações de expulsão, para a árvore onde embaixo está enterrada minha placenta e chorei. Agradeci por ter sido agraciada com um segundo parto respeitoso e natural. Pedi para que todas as mulheres do mundo tenham informação dos seus direitos (e poderes) e respeito ao seu corpo.”
No relato ao blog "Cientista que virou mãe", a mulher explicou a sua versão dos fatos. De acordo com o que foi publicado no site, e reproduzido pelo portal Geledés, a mãe não comeu a placenta nem saiu correndo nua pelo hospital.
"Vi gente entrando e deixando bolsa pessoal na sala de parto, com celular tocando, vi gente entrando com walk-talking ligado. [...] A pediatra, Lívia, disse que aquele parto era uma loucura, que eu era louca, e que tinha que ter aquela equipe toda lá dentro, disse que eu não era ninguém para discutir a necessidade ou não de todas aquelas pessoas ali. (…)
Infelizmente não comi minha placenta, ainda, pois ainda não tive coragem para encará-la, pegar nela, senti-la, tão cheia de mim, da minha cria, e das emoções que vivenciamos durante nove meses, e nos últimos momentos do meu bebê dentro de mim. Infelizmente também não corri nua, precisei perder alguns minutos me vestindo com roupas sujas e ensanguentadas, pois até panos limpos me foram negados."
Da Redação
com extra
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