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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Diretor exonerado da Câmara diz que Cunha foi o verdadeiro autor de requerimentos

Coube a uma aliada do parlamentar, a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), apenas a inserção no sistema, segundo a PGR

O depoimento do ex-diretor do Centro de Informática da Câmara, Luiz Antonio Eira, à Procuradoria Geral da República (PGR) reforçou as suspeitas de que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi o verdadeiro autor de dois requerimentos protocolados para investigar empresas suspeitas de pagamento de propina – o gesto, segundo o doleiro Alberto Youssef, teve o objetivo de forçar essas empresas a continuarem pagando propina a Cunha. Coube a uma aliada do parlamentar, a então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), apenas a inserção no sistema, segundo a PGR. Não existiu fraude na atribuição de autoria dos requerimentos, conforme o depoimento do ex-diretor. A autoria dos documentos pelo login de Cunha também foi atestada pela Secretaria de Pesquisa e Análise da PGR.
Além disso, existia a "franca possibilidade" de que as provas fossem "destruídas, alteradas ou suprimidas", "especialmente os registros do sistema e outros dados mantidos pela área de Tecnologia da Informação da Câmara dos Deputados", segundo a PGR registrou no pedido enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) de diligência na Câmara. O relator do inquérito que investiga Cunha, ministro Teori Zavascki, autorizou a operação de busca de dados na Casa, o que foi feito na segunda e na terça-feira por procuradores da República, peritos e um oficial de justiça do STF. O procedimento era sigiloso, mas o segredo dessa ação cautelar foi derrubado na tarde desta sexta-feira.
Eira foi demitido por Cunha por conta do episódio da revelação de que o deputado seria o verdadeiro autor dos requerimentos para pressionar as empresas, apresentados na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara em 2011. Ele, então, prestou depoimento na PGR, procedimento decisivo para o pedido da diligência e para a autorização pelo STF.
O ex-diretor contou aos procuradores da República que o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, disse a ele que a demissão era para que não houvesse vazamentos. Mas o próprio Cunha acreditava que não teria havido vazamentos, conforme o depoimento de Eira. "O diretor-geral disse ainda que o presidente Eduardo Cunha achava que o depoente não foi o responsável pelo suposto vazamento, mas que serviria de exemplo para todos os demais", afirmou Eira no depoimento.
CUNHA VOLTA A CRITICAR PGR
O presidente da Câmara, em resposta por mensagem de celular ao GLOBO no início da noite, voltou a criticar o trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot:

— (A possível destruição de provas) é mera justificativa retórica da PGR para dar curso a constrangimento que ele (Janot) tenta fazer comigo, tentando passar impressão da relevância de um fato que não tem relevância.
Segundo Cunha, Janot omitiu na ação cautelar depoimento de um dos delatores, Júlio Camargo, que "parece não confirmar a história".
— Ele quer manter a história viva para tentar me incriminar com nada. E ao mesmo tempo ele quer constranger o STF para não acolher meu agravo regimental contra a decisão de abertura de inquérito — disse o deputado.
Cunha afirmou não ser o autor dos requerimentos de pedido de investigações contra empresas suspeitas. Assessores dos gabinetes usavam o seu login, o que seria o caso desses requerimentos específicos.
— Quem usa e abre os computadores são os assessores. Solange era suplente e não tinha quase ninguém no gabinete com conhecimento. Ela era a que mais usava os assessores da comissão — afirmou.
O diretor Luiz Eira foi demitido por descumprimento de carga horária, conforme o presidente da Câmara.
— Tive uma discussão dois dias antes, quando conheci o funcionário que nem conhecia. O vazamento só serviu para antecipar o comunicado da decisão que deveria ter feito no próprio dia, mas queria antes encontrar substituto. O vazamento foi retaliação pela obrigação de cumprir carga horária.
O Globo

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